domingo, 8 de abril de 2007



Em 7 de maio de 2005, a Cia Desencontrários estréia Jovens Suicidas no N.Ex.T com a ator convidado Marco Plá.



Segue texto do diretor e autor Joeli Pimentel sobre a montagem

“Com a minha peça anterior Ontem à noite fiz minha garota chorar, mergulhamos no limiar da loucura, o ser humano num momento de extremo egoísmo, amor e fúria, ambição e desejo, frustração e ódio. Os personagens da peça acabam a história sem se matarem, elas se recompõem e seguem suas vidas normalmente, cada uma para o seu lado, como pessoas comuns que são. Mesmo bombardeados, em nenhum momento da peça passa pela cabeça dos personagens dar cabo de sua triste existência.
Passado essa fase e com o fim das apresentações, comecei a pensar em escrever uma outra peça, Jovens Suicidas.
A minha dramaturgia está cheia de personagens que não se sentem bem no mundo e que vivem na contra mão dele. Então comecei a pensar naquelas pessoas que não são tão racionais assim, que quando testadas por situações limites, ou mesmo a falta de perspectivas, tédio, ou não conseguindo se enquadrar no mundo, por mais que queiram, são levadas a atentarem contra as suas próprias vidas.
Pesquisamos um pouco mais a mente humana e tentamos enxergar além da fronteira da compreensão. Flagramos o cérebro em delito contra si mesmo. Boa parcela desse distúrbio, se é que podemos chamá-lo assim, tem o outro como cúmplice. O outro pode ser a mídia ou os parentes dessa pessoa.
Nessa busca por ambientes fechados, claustrofóbicos, levo os atores numa outra direção, creio eu mais perigosa e desafiadora para a Cia Desencontrários e também mais instigante para a audiência.
O espetáculo nos leva a um passeio numa rua que parece não ter saída, sem volta e a cenografia é parte fundamental para esse processo, não como mera mobília morta, mas como um corpo vivo, desafiador, que funciona como a autobiografia dos personagens, nos dando pistas de como são essas pessoas, como elas vivem, como elas interagem com o mundo a sua volta e como isso as influência. Esse mundo asfixiante de “ser produto”, onde uma pessoa não é tratada por aquilo que é, mas pelos bens que possuem.
Jovens suicidas é uma peça de humor negro, que mostra o patético desses seres que não se encaixam em canto algum.
Eu sempre me pergunto: são loucas essas pessoas que se suicidam ou os loucos somos nós que ainda insistimos em continuar por aqui tentando um pouco mais?”

ficha técnica

Texto e direção: Joeli Pimentel
Sonoplastia e iluminação: Joeli Pimentel
Cenário: Cristina Ecker Amaral
Comunicação visual: Letícia Teixeira Mendes
Fotos: Norberto Avelaneda
Operador de luz e som: Ivan Fagundes
Assessoria de imprensa: Janaina Fainer
Produção: Danielli Avila e Janaina Fainer
Elenco: Janaina Fainer, Marco Plá, Danielli Ávila e Joeli Pimentel

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